Em Março de 2022 fiz uma viagem de moto saindo da minha cidade, Santa Bárbara d´Oeste/SP, cruzando o norte da Argentina e percorrendo grandes distâncias no Chile até chegar a Antofagasta. Com uma economia pujante, esta cidade chilena é extremamente relevante, e conta com uma fenomenal estrutura portuária com calado profundo, ideal para mega navios de carga (diferente dos portos brasileiros). Aliás, Antofagasta é uma das principais cidades portuárias na costa oeste do cone sul das Américas.

Para alcançar a cidade no norte do Chile eu conduzi minha moto por quase 5500km. Em 2025, se as previsões se confirmarem, eu poderei fazer novamente a mesma viagem e chegar ao pacífico rodando aproximadamente 1500km a menos. Isso porque está em fase final de construção e em breve entrará em operação o novo Corredor Bioceânico, com 4000km de asfalto, integrando o porto de Santos no Brasil com os portos de Antofagasta e Iquique no Chile.

A iniciativa é fruto de uma aliança internacional entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile e garantirá melhoria de mobilidade, possibilitando de uma só vez o incremento das negociações comerciais, a integração cultural e o impulsionamento do turismo rodoviário entre os quatro países.

Com o Corredor Bioceânico, a produção brasileira se tornará mais competitiva e eficiente para o mundo. Graças a este circuito que conecta o Centro-Oeste brasileiro ao Oceano Pacífico e evita o cada vez mais caro Canal do Panamá, estima-se uma economia de 8.000 quilômetros, 14 dias de frete e cerca de US$ 1.000 por contêiner para os produtores que estão enviando suas cargas para China e Japão, no continente asiático.

Todos os acordos necessários foram assinados, as fontes de financiamento estão definidas e falta pouco para a finalização das obras que neste momento estão concentradas principalmente no Paraguai. Em breve será definitivamente inaugurado o Corredor Bioceânico que promete ser um tipo de “Canal do Panamá terrestre” integrando os litorais e promovendo movimentação de cargas entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

 Hugo Della Rosa, 30 de Agosto de 2022